Você é daquelas pessoas que sempre deixa para fazer as coisas de última hora? Sabe que possui algum trabalho para entregar, mas, mesmo assim, enrola até não poder mais? Bem, talvez, você seja um procrastinador.

Afinal,  que é procrastinação? O significado de procrastinar é bem simples, na verdade, ele consiste num comportamento racional de adiar alguma ação, que deveria ser feita naquele momento.

A procrastinação em si não é uma doença, mas ela pode ser o indício de algo mais sério que precisa ser tratado. Ela pode se apresentar como um hábito do qual você precisa corrigir ou uma evidência de algum transtorno psicológico.

Segundo o IPPR:

“A procrastinação está presente na vida da maior parte de nós. Algumas pessoas conseguem ser mais organizadas e produtivas, outras nem tanto. Mesmo assim, poucos são aqueles que nunca deixam uma tarefa para depois. Por conta disso, a procrastinação sempre foi associada à preguiça, falta de vontade ou dificuldade em gerenciar o tempo. No entanto, parece não ser bem assim.

O conceito de procrastinação pode ser definido como “adiamento voluntário de uma tarefa, mesmo que haja consequências negativas”. Geralmente, a procrastinação está ligado a contextos de trabalho e estudos, motivo pelo qual pode ser facilmente confundida com “preguiça”. No entanto, não é que a pessoa não quer trabalhar por preguiça, mas sim por ter dificuldade em regular as emoções associadas ao trabalho que, não raramente, são negativas e desagradáveis.

Um estudo publicado na revista científica Social and Personality Psychology Compass defende que a procrastinação é causada por uma falha na auto-regulação e na regulação emocional. Isso significa que, quando há tarefas que nos causam mau humor, nós tendemos a tentar “consertar” o humor ao invés de realizar a tarefa.

Sendo assim, não se trata de uma questão de preguiça ou de problemas na gestão de tempo, mas sim uma tentativa de evitar o mal estar causado por essas tarefas. No entanto, pensar que o tempo é irrelevante quando se trata de procrastinação seria um engano. Afinal de contas, prazos existem e costumam ser seguidos, mesmo por procrastinadores. Ainda assim, se trata de um fenômeno mais relacionado ao mecanismo de regulação emocional do que ao tempo, especialmente quando se fala do futuro breve.”

Desafios da não-procrastinação

Quantas coisas você deseja fazer mas nunca nem mesmo tentou? Procrastina todos os dias, mas segue pensando naquela coisa… Se é uma tarefa prazerosa, então por que procrastinamos?

Acontece que, de certa forma, a procrastinação também acaba sendo usada como uma espécie de proteção ao bem-estar mental. Isso porque, ao iniciar uma tarefa, nos deparamos com a possibilidade de falhar, o que causa sentimentos desagradáveis.

Uma pessoa que deseja muito se tornar um pintor, por exemplo, pode até dar os primeiros passos em direção a sua nova carreira (ou hobby): compra um cavalete, as tintas, os pincéis e, na hora de pintar, simplesmente não o faz. Por que?

Mesmo que de forma não consciente, a ideia de produzir uma pintura pode causar sentimentos desagradáveis, como o medo de falhar, fazer uma pintura que não seja apreciada por outros ou até mesmo frustrar-se com o resultado por não ter sido aquilo que tinha pensado.

Desta forma, o aspirante a pintor começa a procrastinar, de modo a evitar esses sentimentos provenientes da possibilidade de falhar em fazer aquilo que quer.

Sendo assim, pode-se dizer que, para pessoas que têm dificuldades na regulação emocional, não procrastinar é desafiador. E, como todo desafio, pode trazer crescimento, então é algo a se pensar, não é mesmo?

Procrastinação versus motivação

É comum acreditar que a motivação é o oposto da procrastinação. Pode até ser, mas muitas vezes as duas são necessárias ao mesmo tempo para que algo seja feito. Já ouviu falar que, quando você realmente precisa fazer algo, a situação se torna tão insuportável que você acaba fazendo independente de qualquer coisa? Pois bem, é o que acontece quando a procrastinação se encontra com a motivação.

O fato de que a procrastinação tem consequências a longo prazo acaba tornando-a uma fonte de estresse. Disto, surge a motivação para não procrastinar. No entanto, uma ideia não cancela a outra: o cérebro é capaz de manter duas ideias conflitantes ao mesmo tempo, ao custo de causar uma imensa ansiedade. É quando você está tão estressado que precisa relaxar, mas ao relaxar se estressa ainda mais por não estar fazendo o que deveria fazer.

É nesse momento que surge aquela incrível motivação inabalável para realizar a tarefa aversiva. Evitá-la já não é mais uma opção, pois a angústia é tão grande que até fazer a tarefa aversiva é menos estressante. Procrastinadores de plantão conhecem muito bem essa sensação.

Procrastinar é um “hábito” do qual muitas pessoas tentam se livrar, mas simplesmente não sabem como, até porque muitas vezes não sabem nem de onde vem. Sabendo que a procrastinação é mais uma questão de regulação emocional do que de preguiça, que tal começar a trabalhar nessa questão

Referências

https://cognitiontoday.com/2019/05/you-procrastinate-because-of-emotions-not-laziness-regulate-them-to-stop-procrastinating/

Sirois, F., & Pychyl, T. (2013). Procrastination and the Priority of Short-Term Mood Regulation: Consequences for Future Self. Social and Personality Psychology Compass, 7(2), 115-127. doi:10.1111/spc3.12011

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